Em 22 de janeiro de 1917, o curta Kaiser, de Álvaro Seth Marins foi a primeira animação brasileira exibida nos cinemas. No mesmo ano, também estreou Traquinices de Chiquinho e seu inseparável amigo Jagunço, primeira animação de personagens e situações típicos brasileiros, baseada nas histórias em quadrinhos da revista Tico-tico. Esse marco histórico funciona como ponto de partida do cinema de animação no Brasil. Nestes 90 anos foram produzidos 19 longas-metragens, centenas de curtas e milhares de filmes publicitários de animação.
Em 1918, é criada a animação As Aventuras de Bille e Bolle, produzido e fotografado por Gilberto Rossi e animado pelo cartunista e animador Eugênio Fonseca Filho (Fono), com personagens inspirados nos quadrinhos americanos Mutt e Jeff, de Budd Fisher. Porém o cenário é típico brasileiro; Bille e Bolle descem de um avião no Viaduto do Chá e, entre travessuras, visitam casas comerciais de São Paulo. Mas Álvado Martins é considerado como o primeiro animador que começou a usar personagens e cenários tipicamente brasileiros.
Até então a história do cinema de animação brasileiro é muito intermitente. Isso se deve à demora do Brasil em encarar o cinema como uma produção industrial. Isto só veio ocorrer por volta dos anos 30, quando foram criados os estúdios da Cinédia e nos anos 40 com o surgimento da Atlântida, que infelizmente nunca se empenharam na produção de filmes de animação.(foto: o primeiro grande estúdio da Cinédia, localizada no Rio de Janeiro)
Em 1929, Luiz Seel e João Stamato apresentam a animação Macaco Feio, Macaco Bonito.

Em 1938, os brasileiros passam a conhecer as animações de Walt Disney, sendo que pela primeira vez uma animação é dublada no Brasil. Trata-se de Branca de Neve e os Sete Anões, seguida por outras criações como Pinóquio, Dumbo e Bambi.
Em 1939, o cearense Luiz Sá produz As Aventuras de Virgulino, que narravam o rapto de uma mocinha por um vilão malvado e seu resgate por um valente mocinho. Com desenhos de formas arredondadas e pouco aparato técnico, Luiz Sá encontra dificuldades na distribuição de seu filme, e tem vetada pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) de Getúlio Vargas sua intenção de encontro com Walt Disney por ocasião de sua estratégica visita ao Brasil como parte da "política de boa vizinhança" norte-americana. O fim se deu em Luiz Sá vende sua única cópia do filme para o dono de uma loja de projetores, que os corta e oferece os pedaços aos clientes como brinde. Assim acaba sua carreira como animador, e ele passa a fazer charges para jornais e revistas cariocas.

Em 1939, chega ao Brasil Walt Disney, com o intuito de estreitar os laços entre os países das três Américas e angariar simpatia para oposição da crescente política nazista de Hitler.
Em 1942, Dragãozinho Manso, de Humberto Mauro, é a primeira animação de bonecos no país. O curta, destinado ao público infantil, foi produzido para o Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE).
Somente na década de 1950 que o panorama começou a mudar. Em 1952 o Serviço Especial de Saúde requisita filmes de animação para uma campanha de prevenção de contágio, eliminação de focos de doenças e higiene.

Em 1953, o primeiro longa-metragem de animação brasileiro foi lançado depois que todos já conheciam de
cor e salteado o Mickey Mouse, Popeye, Looney Toones entre tantas outras produções estadunidenses. A obra que encantou muita gente e chegou a ser comparada à Fantasia de Walt Disney tem um nome lírico que acompanha a coletânea de relatos folclóricos da região Norte do Brasil: Sinfonia Amazônica, do diretor Anélio Lattini Filho. O filme foi produzido em preto e branco e consumiu 6 anos de trabalho de seu realizador, que trabalhou sozinho em todas as etapas da produção.Nos anos 60, cresce o número de animações para produções publicitárias e filmes didáticos.
Em 1961, os artistas plásticos Rubens Francisco Lucchetti e Bassano Vaccarini fundaram o Centro Experimental de Cinema de Ribeirão Preto, um núleo para produzir filmes de animação com uma produção mambembe. A matéria-prima do Centro era produtos de papelaria. Possuem dentre as diversas produções, trabalhos interessantes: “Abstrações” e “Tourbillon”.
Em 1967, foi fundado no Rio de Janeiro o Centro de Estudos de Cinema de Animação (CECA). Com sua dissolução foi montado um novo grupo de animação experimental - O Fotograma, que conseguiu dar uma guinada na animação brasileira.
Na década de 70, o jovem Marcos Magalhães se destaca com seu filme "MEOW" de 1976, premiado nos Festivais de Brasília, Havana e Cannes. Marcos estagiou na National Film Board of Canada onde realizou o filme "Animando" de 1972, um filme que demonstra diversas têcnicas de animação. Ao voltar para o Brasil ele participou do acordo entre Brasil e Canada para a criação do Núcleo de Cinema de Animação do CTAV, projeto coordenado por ele de 1985 a 1987. Com esse acordo foi criado o primeiro curso de Animação no Brasil. A continuação do acordo resultou em três núcleos de animação: NACE em Fortaleza (Universidade Federal do Ceará, o do Rio Grande do Sul (Instituto Estadual de Cinema) e o de Minas Gerias (Escola de Belas Artes da UFMG).Mesmo com a repressão e a censura em tempos de ditadura militar, eles conquistaram o seu lugar. Um convívio muito bem-vindo entre o Brasil e o Canadá permitiu que alguns profissionais pudessem aprender com tutores canadenses e transformou os anos 80 em uma década muito mais feliz para a animação brasileira. Dessa parceria surgiu o Anima Mundi, que desde de 1993 realiza um dos festivais de animação mais importantes no mundo.
Neste contexto surgiu a Associação Brasileira de Cinema de Animação, ABCA, em 22 de março de 2003, fundada por 27 profissionais espalhados pelo Brasil. A ABCA representa os animadores junto a entidades políticas e privadas apoiando o desenvolvimento dessa arte industrial no país. A ABCA conseguiu editais específicos de animação, elaboração de pesquisa histórica, um censo para mapear todos os realizadores brasileiros e a realização do Dia Internacional da Animação que funciona como difusor da produção anual em mais de 50 cidades brasileiras.
Neste contexto surgiu a Associação Brasileira de Cinema de Animação, ABCA, em 22 de março de 2003, fundada por 27 profissionais espalhados pelo Brasil. A ABCA representa os animadores junto a entidades políticas e privadas apoiando o desenvolvimento dessa arte industrial no país. A ABCA conseguiu editais específicos de animação, elaboração de pesquisa histórica, um censo para mapear todos os realizadores brasileiros e a realização do Dia Internacional da Animação que funciona como difusor da produção anual em mais de 50 cidades brasileiras.

Atualmente o cinema de animação brasileiro vive um expressivo período de crescimento de sua produção o que se reflete na grande quantidade de filmes produzidos nos ultimos anos. Há, cada vez mais, um maior o número de profissionais envolvidos, de técnicas, estilos e temas, gerando também um aumento na qualidade desses filmes.

Olá!
ResponderExcluirEssa foto da Cinédia, do lado tem um portão amarelo, onde era gravado a Malhação de 1995?
e onde qual é o endereço dessa foto?
quem puder ajudar com a informação, eu agradeço!